Desde sempre soube que queria ser mãe. Idealizei que seria mãe
de um menino e uma menina, assim mesmo por esta ordem e antes dos trinta anos
estaria despachadinha e já com duas crianças entre os 4 e os 6 anos de idade. Quis
o destino que eu fosse mãe com 19 anos e outra vez aos 29 e de dois meninos, a
determinada altura eu queria ser mãe de quatro filhos mesmo correndo o risco de
serem todos rapazes! Fui mãe sem preparação prévia, não tive irmãos mais novos
e os primos mais novos nem sempre estavam por perto, pelo que fui mãe em tenra
idade e quis o destino também que eu ficasse privada da presença da minha mãe
quatro meses antes para todo o sempre. Fui mãe porque quis e simplesmente
abracei essa minha condição sem desprezos nem fundamentalismos. Estava nas férias
do primeiro ano da faculdade e terminei o meu curso no prazo previsto, estive
sempre presente na vida do meu filho, a minha sorte foi ter um menino cheio de
saúde e que poucas vezes me privou do sono (mais foram as vezes que fiz
directas para terminar trabalhos e entregar dentro dos prazos), privei-me de saídas
à noite e de participar nas festas de curso, não por fundamentalismos, mas
porque já não faziam sentido e porque verdade seja dita sentia um sentimento de
culpa por deixar aquele ser pequenino que já ocupava tanto da minha vida. Ainda
assim não me privei dos meus objectivos de vida, apesar de muitos terem sido
tomados em função dele e em consciência de que a minha vida agora dependia
daquele ser minúsculo. A maternidade fez-me uma pessoa melhor, se os nossos
pais são o nosso esteio então depois de nós sermos pais eles passam a ser os
nossos heróis, pois as provas a que somos submetidos são de tal forma rigorosas
e algumas vezes levadas mesmo ao extremo que achamos que não conseguimos e como
é que afinal eles conseguiram, sem que não nos atirassem janela fora ao fim da
segunda noite sem dormir ou ao fim de um belo par de horas de choro interminável
e irritante? A verdade seja dita que isto apenas se acentuou com o segundo
filho, mas ainda assim eu queria mais dois! Se com a gravidez do primeiro filho
o meu corpo sofreu uma transformação que me deixou marcas, com o segundo a
vontade de o atirar janela fora porque não comia, porque não dormia, porque só
o colinho da mãe a andar de um lado para o outro é que o sossegava e em caso de
desespero meu foram mais vezes do que deviam, mas nada que umas duas ou três horas
de sono que acabavam por surgir não afastassem esses pensamentos tresloucados. Se
isto faz de mim uma mãe desnaturada? Nem por sombras penso isso. Dei de mamar
porque acredito que é mesmo o melhor, porque está sempre pronto em qualquer
sitio…se me sentia uma produtora desmedida de leite? Sim. Se volta e meia
passava vergonhas por ter a roupa manchada? Sim. Se gostava disso? Não. Mas sinto
que fiz a minha parte sem o fundamentalismo de não aceitar quem tem uma ideia
contrária. Ah! Os meus dois filhos nasceram de parto normal, um sem e outro com
epidural, uma experiência mais dolorosa do que a outra e com todos os fantasmas
presentes de que e se alguma coisa corre mal?
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